De todas as histórias de família que já me contaram, a mais absurda é a do João Marra, tio do meu avô. Irmão do pai do pai do meu pai, para ser exato.
O João era até que um bom sujeito, bastante decente à sua maneira. Só que o que ele economizava nos outros pecados, gastava na gula. Há quem diga também que era preguiçoso que só ele, mas o que vingou foi a fama de guloso mesmo. E o João Marra era muito, muito guloso.
Um dia, na hora do almoço, a esposa do João estava cozinhando um caldo grosso de fubá com pedaços suculentos de carne. Mexia com a colher de pau num daqueles caldeirões de cobre como não se faz mais hoje em dia. A coisa borbulhava de tão quente, o fogão de lenha chegava a balançar a cada bolha que estourava.
Nisso chegou o João vindo da rua, faminto como sempre. Vai ver nem estava com fome, mas a caldeirada estava bonita e o olho cresceu mais que a barriga.
Não pensou duas vezes: roubou a colher da esposa e pescou um belo naco de carne de dentro do vulcão efervescente de fubá. Tentou morder: estava quente. Deu uma sopradinha e jogou na mão: estava muito quente. Jogou para a outra mão: estava muito quente mesmo. Qual a solução? Claro, jogou a bicha na boca e mandou goela abaixo.
Acontece que a bandida desceu que desceu queimando. Aí então, na hora do apuro, ele passou a mão na moringa e tomou um gole, um belo de um gole, da água fresquinha para aliviar.
Pois diz que na horinha mesmo o João Marra caiu no chão, estrebuchou e bateu as botas. Deu revertério nas tripas, como me esclareceu minha avó. Há um boato de que a esposa não fez muita questão de acudir o pobre, não, porque já estava cansada de tanta gulodice.
E minha vó jura de pés juntos que no velório do falecido, como homenagem, teve festança e comida à vontade. Só que a viúva serviu tudo frio, para não correr risco.
18 comentários:
Hihi!
Deu conjestão no João Marra, só pode...ou ficou entalado mesmo.Isso que dá.Bem que os "antigos" não gostam que a gente fique "pinicando" antes da hora de almoçar...
Bjs
Saudade do seu blog
port isso q vc nao deixa a gente comer desregradamente lá no sítio....
Vovós sempre têm histórias fantásticas do tempo de "antigamente", como elas dizem. E quem vai duvidar né?
Bjm moço
revertério nas tripas é ótimo! Típico de vó....hehehe
Eu tenho sérios problemas com a gula. Como eu como!
putz quando vi do que se tratava eu comecei a rir porque lembrei de voc~e contando.... hehehehe... eu achava que ele tinha morrido porque tinha queimado a garganta e não conseguia respirar 9não sei de onde tirei isto)... histórias de família são sempre legais
nossa...assustador, mas tb divertido...parece esquete de teatro...ainda bem que não sou mais gulosa...me regenerei...em termos...depende das delícias..risos
beijo
Carol Montone
Morrer pela boca deve ser péssimo, imagina pela güéla...
Abçs, cara, bom seu espaço.
ah, ele bem que mereceu, né??
bjo
ai meu deus!
medo disso³
rs.... eu gosto do estilo que vc usa pra escrever as suas histórias... parabéns, delicia de ler!
ah, li não sei onde, em qual blog... vc é professor?!
beijinhos, moço querido.
hitória de avós... hmmm !
pra não correr o risco foi a melhor parte..
rsrsr
bjossss
adoro teu cantinho =)
hehehehehehe
Preciso aprender a esfriar antes
de comer tb... hehehehe vai que me dá um revertério tb?!
Um beijão!!!
caraca!!!!
Menino, vc escreve bem, muito bem, gosto da sua narrativa... e nem preciso dizer né? Estou rindo a bessa.. essas histórias... uma delícia!!!
as historias de vovo ahazam sempre!
SAHDSIUADASIUHDASIUHDISHD
e com essa nunca mais ouso em petiscar as comidas da mamae quando ainda estiverem no forno!
asuhduahdishd
:** bruno!
e nooooooooossa, quanto tempo fiquei sem vim aqui, perdi algumas postagens :/ mais se meu tempo me permitir lerei todas!
Hum...que família interessante a sua...rs.
Eliane
Sou um Marra legítimo. Acho que você exagerou pois, como Marra, não tenho essas gulodices e prezo o fator corpo italiano magro, alto e de olhos claros, como bem, porém o essencial e vai aih outra característica nossa: detestamos alimentar sobre pressão porém falamos durante pacas.
abraços,
Edilson Marra
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