13.6.07

O sino

III
(Partes anteriores: I e II)

O sr. D. levantou-se, como sempre, às sete em ponto. Apesar de ter dormido bem, setiu o corpo cansado como nas suas não raras noites de insônia. Estranho, mas um belo café da manhã certamente lhe faria bem.
     Vestiu-se e sorriu ao ver a taça deixada na sala de leitura: como um lugar tão agradável parecera tão assustador na noite passada? E, quando saiu, o gracioso repicar não lhe lembrou nada com o som agourento que ouvira. Fora traído por um sonho. Como é que se deixara levar por uma tolice dessas?
     Acabou passando o dia todo fora e voltou, já noite alta, depois do jantar. Tinha novas aquisições: umas xilogravuras do século XIX que encontrara meio que por acaso numa lojinha de molduras. O dono da loja, ignorante do valor real, as vendera por uma bagatela. Deixou-as em meio a outras tantas que, um dia, seriam catalogadas e arquivadas nas estantes de madeira escura. A vida do sr. D. era isso, mas isso lhe agradava.
     Homem metódico, ele deitou-se na mesma hora de sempre: às onze. Tomou da cabeceira o livro que estava lendo, fez meia hora de leitura e apagou a luz na hora de sempre: onze e meia. Acabava um dia comum.
     O sr. D. fechou os olhos num longo e satisfeito suspiro. Estava sozinho no escuro e ouviu uma música suave: era um sino que tocava de algum lugar distante.
     Um outro som foi se definindo até que, bem perto de si, ele ouviu o resfolegar de uma criatura que não conseguia ver. Logo acenderam-se à sua frente dois olhos de brasa. O sino tocava agora mais e mais forte, frenético, a medida que os olhos se aproximavam, olhos de uma crueldade que lhe gelou a alma. Já podia sentir o hálito quente de alguma boca monstruosa, escondida nas trevas.
     O sr. D. acordou assustado. Sentado entre os lençóis, ele estava ofegante, encharcado em suor. Só um pesadelo.

(próximo capítulo)

9 comentários:

Anônimo disse...

Aumenta o suspense em torno do sr. D. Não percam o próximo capítulo, decisivo na trama!

(estou adorando deixar vocês curiosos, hahahah :)

Pathaua Brasil disse...

tah droga, eu espero o intervalo!

to curiosa :o

Adrian Masella disse...

AAAAAAAAAAAAAHHHHH


ODEIO SUSPENSEEEEE

sempre acabam o episódio na melhor parte!!!

ANCIOSO²

Abraço

Jana disse...

MALVADO!

dän disse...

ei! agora q parei pra ler...
repito: EI!

Kati disse...

Ai droga, devia ter esperado até sexta pra começar a ler esse conto... agora estou me sentindo uma noveleira, ansiosa na espera de próximos capítulos :|

Anônimo disse...

Ola!!

Hummm, es escritor de novelas?

Esta super, e a primeira vez que ca venho, meu portugues nao e dos melhores so que deu para te compreender, parabens :)
beijos e que tenhas um fim de semana maravilhoso
Whispers

Cris... disse...

ai...ai...ai... quero ler todo o resto...hehe

Anônimo disse...

“ele ouviu o resfolegar de uma criatura que não conseguia ver. Logo acenderam-se à sua frente dois olhos de brasa.”

Bruno, eu JURO que agora os meus olhos inundaram. Eu juro, eu juro! Acredita em mim!

“Já podia sentir o hálito quente de alguma boca monstruosa, escondida nas trevas.”

Nossa, um Balrog! Um Goblin! Um Trasgo! Um Troll! Oh My God!!! Ufa, foi só um pesadelo. O pior você não sabe... Nesse exato momento (acima) eu precisei parar de prestar atenção ao caso para poder me recompor e só notei que era um pesadelo minutos depois. Passei mais sufoco do que o próprio sr. D. Você ainda me mata do coração hein Bruno!

Até breve, O Sino IV