14.8.10

Como respirar

Pediram outro dia que eu contasse como nos conhecemos, como me apaixonei.
     Não soube dizer.
     É como se você estivesse sempre aqui.
     Não sei dizer.
     Amar você é como respirar: não sei como aprendi, não sei explicar como se faz. Um dia cheguei ao mundo e respirei, e isso é a vida. Um dia você chegou e eu te amei, e isso é a vida.
     Não me interessa saber por que respiro, não me interessa saber por que amo. Só respiro e vivo. Só amo e vivo.
     É como se eu tivesse aprendido você tão mansa, tão naturalmente quanto aprendi a andar ou a falar. É como se cada passo meu só tivesse me levado na sua direção, e estar numa madrugada escrevendo cartas de amor não fosse nada mais que o resultado da caminhada. Não me espanta que eu te ame.
     Nos conhecemos há tantos anos –oito, nove, dez?—, não lembro ao certo como, onde, quando. A vida seguiu. Um dia abri os olhos e soube que te amava, não lembro direito. Essa história não saberei jamais contar. Só sei do dia vinte e oito de fevereiro, o dia da minha coragem, e do que temos vivido desde então. De antes, não sei dizer.
     Eu não lembro mais de como era a vida antes de você. Não lembro de como eram os sábados, os domingos. Não lembro de como era dormir sem antes fazer uma prece silenciosa. Não lembro de com que olhos eu olhava para o céu estrelado.
     (Sabe esses dias bem frios aqui de Curitiba quando a gente vê pela televisão alguma praia do outro lado do Brasil e parece que não consegue lembrar como é o calor, não consegue nem se imaginar de roupa de banho?)
     Talvez eu não vivesse, talvez eu não tivesse sábados nem domingos, talvez eu não rezasse, talvez eu fosse cego e não enxergasse o céu. Não lembro.
     Sei que amanhã é domingo, é o seu aniversário, e eu estarei com você. Sei que debaixo desse mesmo céu estrelado você dorme, talvez sonhando os mesmos sonhos que eu. Sinto o peito arfar, então sei também que respiro e que amo.
     Só sei que respiro. Só sei que amo
     Isso é o que me basta saber.
     Tudo o que me basta saber.

12 comentários:

Grasi disse...

"Só sei que respiro. Só sei que amo..."
Lindo isso!!! Amei.
Bjão e um super domingo prá ti.

Ana Luísa disse...

Nossa, eu quase chorei de ler isso! Muito lindo!
Beijoss

Pedro Lucas Rocha Cabral de Vasconcellos disse...

Não consigo pensar em nada pra comentar, você já disse tudo.

Que privilégio poder ler esse texto.

Lubi disse...

que sensível, que doce.
fiquei sem palavras.

Stephanie disse...

eu me lembro de você ter dito alguma coisa sobre ser diferente. sobre querer um amor daqueles que muda a vida, que enche os dias de alegria e cor.

que bom que você conseguiu.

Natalia Máximo disse...

Perdi o ar lendo isso aqui. Belíssimo, sem dúvidas.

Nathalia Alvarez disse...

texto excelente! parabéns. e muito feliz deve ser a destinatária disso tudo.

L and the Bijous disse...

Perdi o fôlego... são as mesmas palavras que diria para quem amo. Sem tirar nem colocar.

Lindo texto!

Marla disse...

Gostei de como escreve com economia e intensidade. É como se fosse um acepipe simples, mas saboroso. Uma fruta, talvez. Gostei também do gosto.

Dani disse...

Que bom que é poder viver um amor assim! Mas melhor ainda é ter o dom de perceber o amor assim. Isso é muito raro! Parabéns!

Larissa Ferreira disse...

Muito lindo!

Um amor que mude toda percepção da vida, que crie um novo sentido para tudo, que comece a fazer parte de mim de uma forma sem perceber - assim como aconteceu com você - que me faça sentir a mais feliz das mulheres... É o que mais espero - tanto que chega até doer...

Adorei seu blog, espero um dia poder escrever tão bem, com tanta leveza e facilidade também...

Camila disse...

Coisa mais linda!
Queria um amor assim!
Adoro teu blog... muito tempo que não o lia e voltei a ler semana passada. Gostei mais agora, acho que porque antes eu estava ligada em outras coisas que não me permitiram gostar das suas palavras. E hoje eu acho tão lindo, tão singelo.
Um abraço!