10.2.07

Copacabana

Estou agora em Copacabana. "La playa de Bolivia". E sabem o que descobri? A Copacabana do Rio tem esse nome em homenagem a esta aqui. É mole?
     Peguei um taxi em La Paz para ir até a zona do cementerio, de onde saem os ônibus para esta região. O taxista era muito simpático e viemos toda a viagem trocando figurinhas sobre nossos países. No que desci do taxi, um motorista já me puxou e ofereceu passagem para Copacabana. É como eu já disse: aqui tudo se ganha no grito.
     A viagem é muito bonita. A estrada passa ainda mais perto dos picos nevados e eu fiquei com mais vontade de ver a neve. Mas nada de llamas.
     No meio do caminho, paramos para pegar uma cholita - já criei carinho por elas, falo no diminutivo. E adivinhem? Ela embarcou com quatro ovelhas. Quatro ovelhas! O motorista e o cobrador fizeram uma forca danada para colocar as bicinhas em cima da van, no rack de bagagens. Foram balindo de lá até aqui e uma senhora ficou gritando, horrorizada: "pobrecitas, pobrecitas!"
     O caminho segue até que chegamos numa cidadezinha num estreito do lago, Tiquina. o povoado fica metade de um lado, metade do outro. Os ônibus e carros passam em balsas grandes, mas os passageiros passam separados, em lanchas. A senhora do "pobrecitas" veio histérica, gritando de medo e invocando a Virgen Maria de uma margem até a outra. E nesta hora tem que ser muito esperto: você tem que ficar de olho onde desembarca seu ônibus e correr atrás dele antes que vá embora e te largue lá. Os motoristas não parecem muito pacientes, não.
     Numa das margens do estreito, um prédio imponente, sede da gloriosa Armada Mariña Boliviana. Coitados, a marinha deles não tem mar, que triste isso.
     Ah, sim, o lago. É grande. Enorme. Se me dissessem que é mar, eu acreditaria. É todo rodeado de montanhas, agora sim verdinhas. As águas são calmas, quase paradas, dá pra ver as nuvens refletidas. É fácil entender porque o povo daqui ama tanto o Titicaca.
     Copacabana é um cidade pequena, bem a beira do lago. É, bem dizer, a praia dos bolivianos. Eles se sentam na beira do lago, brincam com as com as crianças, tomam cerveja, tiram fotos e tudo o mais que se faz numa praia. Com a exceção que nao se entra na água. É muito gelada - inclusive todo mundo fica de blusa na praia - e o chão nao é de areia, mas de pedra. No máximo dá para molhar os pezinhos, mas o cabra tem que ser macho.
     Existe um calçadão em volta do lago, com bancos para sentar. Nao é grande coisa, mas dá para o gasto. Também há pedalinhos, caiaques e bicicletas para alugar. Existem muitas montanhas ao redor, uma mais bonita que a outra. Na maior delas, o Cerro Calvario, se pode subir por uma trilha.
     Pelo que vi, aqui é a cidade dos bicho-grilo bolivianos. Tem hippies na rua vendendo artesanato, que nem no Brasil. Inclusive são os mesmos brinquinhos, colarzinhos e estatuetas de duendes. Os gringos que vem para cá são também todos do mesmo estilo. Eu até soltei o cabelo para nao parecer muito engomadinho.
     A cidade vive em torno da enorme basílica que existe aqui. Muito grande mesmo, maior que a catedral de La Paz. Por fora nao me atraiu muito - é toda pintada de branco -, vamos ver depois como é por dentro. Lá fica a imagem de Nuestra Señora de Copacabana, padroeira da Bolívia. A crendice popular diz que é ela quem acalma o lago para que não inunde as plantações e, caso a imagem seja retirada do lugar, acontecerão enchentes catastróficas.
     Durante o dia, faz um sol de rachar, mas a brisa do lago alivia um pouco o calor. E agora à noite, quando o sol já se pôs, bate um ventinho encanado que, rapaz do céu!, descobri que o que tem nas madrugadas de Curitiba é uma brisa morna.
     Eu andei só um pouco às margens do lago, mas me encantei. É lindo. Em todos os lugares que já conheci, a água é que reflete o azul céu. Hoje descobri que o céu é um reflexo pálido do lago Titicaca.

* * *

E quer dizer que eu planejo tudo por meses, faço roteiros, junto dinheiro, junto coragem e embarco nessa aventura e vocês querem conhecer tudo de mão beijada, no conforto do lar?
     Nada feito, nada de fotos. Quando voltar, eu vou organizar sessões de fotos e histórias na minha casa, a R$ 5,00 por pessoa. Estudante paga meia.

6 comentários:

Anônimo disse...

Mas só vou se tiver limonada do seu Adélcio e um macarrão com salsicha feito por vc...

MAs nem o pézinho na água vc colocou? huaahauahua


Boa viagem

PS tá parecendo aquelas viagens que os repórteres do Fantástico fazem...

Anônimo disse...

O pessoal tem que tomar cuidado com os comentários, porque senão no ano que vem ele se empolga, e vai la prá Rússia conhecer a Transiberiana, ou quem sabe o Expresso do Oriente, e sozinho.
A propósito Bruno, tô procurando um livro do Amyr Klink prá te dar de presente, só não pode querer imitá-lo hein.
grande beijo e fica com Deus.
Pai

Anônimo disse...

OPa...agora eu sou estudante novamente e ainda por cima sou irmão. E se quiser pode usar o meu Notebook novo para passar os slides de fotos. Assim a minha entrada fica de graça! Porque histórias não vão faltar! Fica com Deus!
Rafael

Monize disse...

Como assim??? Mas com os 5,00 já está incluso o CD de música boliviana?
Se estiver eu até penso sobre o assunto! huahauhauhauahua
Um beijão!!!

Anônimo disse...

Opa...

Se for os 5 com um poncho de brinde eu aceito...
liás, se tiver um poncho estiloso aí e for acessível... Hehehehe...

Continue tendo uma ótima viagem meu amigo...

Anônimo disse...

Vai rolar sessão em São Paulo??? Se sim, estamos dentro! Até porque R$5 está barato... você vai ver o preço do Hotel Cafelândia quando passar por aqui... eh eh eh

Abraço.

Marco
P.S. - A Ana a e a Mariana estão mandando beijos também.